Hélio Moreira

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Sou médico coloproctologista( doenças do colo, reto e ânus), com consultório em Goiânia e membro do Conselho de Administração da Unicred (Cooperativa financeira de médicos) .
Sou Professor aposentado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, onde trabalhei por 42 anos, tendo sido Chefe do Departamento de Cirurgia e do Serviço de Coloproctologia. Na minha vida acadêmica exerci inumeros cargos, tanto no âmbito da Faculdade de Medicina como da Universidade em si, destacando-se o de Diretor executivo da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas. Fora dos muros da Universidade atuei, a vida inteira, na administração de diversas sociedades médicas, tanto regionais ( Presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia-regional Goiás, Presidente da Sociedade Brasileira de Gastrenterologia-Regional de Goiás, Presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva-Centro Oeste(três gestões), Presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgiões-Goiás(quatro gestões), Nacionais (Presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia), e Internacionais ( Secretário Geral da Sociedade Latino Americana de Coloproctologia e Presidente da International Society of University Colon and Rectal Surgeons, com sede nos EEUU, com afiliação de 52 países).
Sou membro titular da Academia Goiana de Medicina, do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás e da Academia Goiana de Letras.
Trabalho com agro-pecuária (Fazenda Santa Tereza).
Pertenço à sublime Ordem Maçônica, como membro dos quadros da Loja Macônica Asilo da Acácia e ao Consistório maçônico do Grande Oriente de Goiás. Atualmente exerço o cargo de Conselheiro Federal do Grande Oriente do Brasil.

Se houver interesse para algumas das minhas atividades listadas no painel à direita basta clicar no ícone desejado.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

CONSELHOS A DOSTOIEVSKI

O escritor, especialmente o romancista, na sua luta diária e infinda com os personagens das suas ficções, muitas vezes enfrenta impasses na definição de qual seria o melhor caminho a seguir diante de situações, paradoxalmente, por eles mesmos criadas.
Recentemente tive acesso ao livro “Meu marido Dostoievski” escrito, como o título enuncia, pela segunda esposa do imortal e, por muitos, considerado como o maior escritor russo de todos os tempos, Anna G. Dostoievskaia; embora o ritmo do livro não seja o desejado para uma biografia, pois a autora, quando o escreveu (1916) contava com 70 anos de idade e, provavelmente por isto, ela enveredou, também, para descrições autobiográficas, sua leitura proporcionou-me momentos de encantamento
Ao ler o prefácio, escrito pela jornalista Cecília Costa, confesso que fiquei com ciúmes de uma passagem que ela relata “em 1996, em Moscou, fui à casa da infância de Dostoievski, dentro da área do Hospital Maria”; quando também estive em Moscou em 1998 (Entre o sonho e a realidade, do Brasil dos anos 60 à Rússia dos anos 90, Ed. Kelps, Goiânia, 2001), tentei visitar aquela casa, porém, encontrei-a fechada ao público.
Voltando ao enfoque inicial do texto, dentre tantos episódios descritos pela autora do livro, constatei um que reputo muito interessante e até curioso: duas semanas após o casamento dos dois, (fevereiro de 1867) foi publicado em um jornal russo um artigo com o seguinte título “O casamento do romancista”, cujo texto, resumidamente, transcrevo a seguir.
“Aqui se fala muito sobre um casamento ocorrido em nosso mundo literário. Casamento que foi realizado de maneira bastante estranha. Um dos mais famosos romancistas, um tanto distraído e que não se destaca por grande esmero no cumprimento das obrigações assumidas com os editores de suas obras, lembrou-se, no final de novembro, que deveria escrever até o dia primeiro de dezembro um romance de pelo menos duzentas páginas, caso contrário seria submetido a uma multa altíssima. Faltando uma semana para o prazo fatal, o romancista, que já tinha o roteiro das principais cenas, contratou uma estenografa e começou a lhe ditar seu romance; andava de um lado para o outro, alisando constantemente os cabelos, tentando extrair daí, as idéias que precisava.
Envolvido neste sofrimento, o romancista nem percebeu que a estenografa contratada era, alem de bonita e jovem, impregnada de idéias modernas; com a aproximação do desenlace, surgiram dificuldades, pois o herói do romance era um viúvo de idade avançada, que se apaixonou por uma bela e jovem mulher.
Era preciso finalizar o romance, naturalmente, sem suicídios e nem cenas vulgares, as idéias não lhe vinham à cabeça, faltavam somente dois dias para entregar a obra, o autor já estava se convencendo a pagar a multa, quando sua auxiliar, que até então cumpria calada as suas obrigações, aconselhou-o a fazer com que sua heroína reconhecesse que também estava apaixonada.
Mais isto é completamente artificial! Exclamou o romancista, o herói é um velho solteiro como eu e a heroína está em plena juventude e beleza... como a senhorita.
Replicou a estenografa: A mulher sente atração pelo homem, não por sua aparência, e sim, por sua inteligência e seu talento.
O desenlace foi aceito e o romance entregue dentro do prazo”
Sabem quem era a estenógrafa? A autora do livro que estamos discutindo; naquela época Anna contava 20 anos de idade e Dostoievski 45.
Em quase todos os seus romances, como afirma a autora do livro, Dostoievski sempre pedia a sua opinião sobre determinada passagem, sobre algum diálogo entre os personagens e, sobretudo, perscrutava suas emoções durante a transcrição de determinados trechos do livro que estava lhe ditando.
Quando escreveu “Os irmãos Karamazov”, Dostoievski utilizou a casa de campo (Datcha Staraia Russ) que alugavam e posteriormente compraram, como modelo para a mansão onde “morava e foi assassinado” o velho Karamazov; aqui, provavelmente, Anna ajudou-o a recompor, literariamente, o ambiente tão seu conhecido.
Para concluir, uma curiosidade que pode ter passado despercebida por muitos leitores: Dostoievski, como ele mesmo afirma no diálogo com Anna, se considerava um velho com apenas 45 anos de idade.